sexta-feira, janeiro 20, 2012

PROPRIEDADE INTELECTUAL E O S.O.P.A





















Santos Dumont inventou o avião moderno, disso sabemos (mas os norte-americanos não). A verdade é que os irmão Wright estavam alguns poucos anos (talvez 3) à frente do brasileiro, mas a diferença foi exatamente a proteção da propriedade intelectual: os Wright queriam a todo custo vender seus projetos para o governo norte-americano, e nunca mostravam seus protótipos, pelo menos não completamente. Já Santos Dumont, pode ser considerado o pai do "open-source": distribuiu os projetos para seus primeiros aviões à quem estivesse interessado, pois tamanha era sua paixão por aquela arte, que ele preferia vê-la evoluindo em novas mãos, ao invés de apenas lucrar com sua venda para qualquer um.




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É interessante como os estados unidenses sempre querem proteger a sua propriedade intelectual, mas proteger exatamente do que? Quando um artista cria sua obra, tenho certeza que ele deseja vê-la difundida pelo globo. Com a internet, as distâncias físicas desapareceram, e temos hoje acesso à maior diversidade e quantidade de informações da história da humanidade (discussão sobre a "qualidade" em post anterior).
Na verdade, o SOPA parte do princípio que os proprietários destas músicas, filmes etc, perderam milhões, bilhões de dólares, por conta da distribuição de arquivos piratas via internet. Mas os internautas não são seres com tapa-olho e perna de pau, brandindo espadas: são consumidores, dispostos a pagar preços justos por seus produtos de desejo. Fato este, comprovado pelo sucesso da venda de mp3 na iTunes Store em meio à explosão dos arquivos gratuitos, ou a venda de jogos de computador pela Steam, por preços no mínimos, tornando o download de um jogo pirata obsoleto. Queremos apenas serviços de qualidade, que entreguem nossos produtos por preços acessíveis.

A maioria dos sites na mira do SOPA estão hospedados em território americano mas são utilizados em todo o globo. Estes sites são parte da vida de milhares de pessoas, e imagino que seus fundadores prefiram a disseminação da informação, cultura e diversão, frente ao lucro puro. A simples presença de servidores físicos em seu território não dá aos EUA direito de privar todo o mundo do acesso a diversas formas de arte ou educação, sejam elas norte-americanos ou não.


Se a maioria dos filmes e músicas baixados são de artistas dos EUA, vamos parar de compartilhar, ok, mas também vamos parar de pagar por seus CDs ou ingressos de cinema. Vamos hospedar sites como Wikipedia, Google, Megaupload em outros países, e proibir o acesso de computadores em solo norte-americano. Vamos cobrar caro para que artistas do mundo todo trabalhem nos EUA, que adoram chamar filmes que envolvem pessoas de várias nacionalidades de "filme americano".

Enquanto isso, Santos Dumont inventa o avião.



Um comentário:

Kétlin disse...

Concordo com o texto. O EUA é um país que prega a democracia somente dentro do próprio território. A piratia deve ser banida, mas a forma de ação da lei é ridícula e certamente viabilizaria controle de conteúdo das mais diversas informações. Fora a utilização de qualquer imagem boba em blogs e sites caracterizia violação de direito autoral! Entendo o prejuízo da industria musical, é grave e gera desvalorização, mas, ao mesmo tempo, essa industria precisa aprender a se modernizar e se adequar a atual realidade. Lamento, mas o passado ficou no passado, o jeito é pensar em novas formas p o futuro.